O meu pai sempre me contou que, quando criança, nos anos de 1956/57, ao sair da escola, tinha o costume de visitar a Igreja de São Francisco para ver o casal Makk pintar os afrescos que adornam o teto e a parede de fundo do altar-mor.
Essas lembranças de meu pai me aguçaram a curiosidade e eu iniciei uma procura (não vou chamar de pesquisa) por informações sobre o casal Makk e fiquei surpreso ao descobrir que Americo Makk e Eva Makk ainda estão vivos e moram nos EUA, onde possuem um estúdio.
Américo Makk nasceu em 1927. É de origem húngara e fez seus estudos na Escola Superior de Belas Artes de Budapeste. Depois disto ganhou uma bolsa de estudos na Itália para onde se dirigiu aperfeiçoando-se no Vaticano em Arte Sacra.
Eva Makk, filha de húngaros (pai diplomata e mãe baronesa) nasceu na Etiópia. Estudou artes em Paris. Atraída pela beleza histórica da Itália, transferiu-se para Roma e posteriormente graduou-se “summa cum laude” na Academia de Belas Artes, onde conheceu o jovem Américo.
Em 1949, com apenas 22 anos de idade, o casal desembarcou no Brasil. Dois anos depois, em São Paulo, nasceu o filho Américo Bartolomeu (chamado carinhosamente de AB) que, artista como os pais, integra a “primeira família na arte”.
Em 1954, Eva e Américo foram contratados como professores da Academia Paulista de Belas Artes, quando foram nomeados artistas oficiais do governo brasileiro.
Nesta época, o casal Makk foi contratado pela Diocese de São Paulo para pintar murais nas igrejas católicas de Jahu, Taquaratinga e São Carlos.
Em 1956, a Diocese de Sobral/CE resolveu restaurar a Igreja de São Francisco de Assis e, para melhor apresentação do templo sagrado, segundo informação do Victor Samuel da Ponte, o seu avô Samuel Gomes Pontes teria contratado o casal Makk para essa tarefa. Lá foram pintados dois afrescos, um no teto e outro na parede de fundo do altar-mor. A obra ficou pronta em 1957.
Também em 1957, esse casal de artistas pintou o quadro do então bispo diocesano de Sobral/CE, Dom José Tupinambá da Frota, obra esta exposta no Museu Dom José, em Sobral/CE.
Em 1958, Américo e Eva estiveram em Manaus a convite do então governador Plínio Coelho, quando iniciaram com uma exposição de seus quadros no Ideal Clube. Após essa apresentação, foram contratados para decorar alguns pontos da capital.
Além da Catedral, o casal Makk pintou nas paredes do hall do Palácio Rio Negro algumas alegorias, tomando por tema a rebelião do Tuxaua Ajuricaba contra os colonizadores, em especial, os portugueses. No governo de Danilo Areosa (1967-1971) o trabalho artístico desapareceu sob tintas comuns aplicadas por pintores de paredes. Apesar do esforço do próprio governador em contratar técnicos capazes de restaurar a obra, nada pôde ser feito. A dificuldade deve ser substancial, pois nenhuma outra revisão do Palácio Rio Negro foi capaz de “descobrir” o painel.
Conta uma lenda, no entanto, que o desastre ocorreu por “determinação” do governador Areosa que, filho de portugueses, sentia ofensa com o tema exposto. E mais, que os técnicos consultados desdenharam da qualidade dos painéis, por isso, mais tintas selaram a sorte da obra.
Em 1962, o casal Makk mudou-se para Nova York, onde conquistou prestígio e fama.
Em 1967 o casal mudou-se para o Havaí, onde reside até hoje, conforme registra o site do casal www.makkstudios.com. O casal Makk ainda chegou a pintar por encomenda o retrato dos então presidentes do EUA Jimmy Carter(1979) e Ronald Reagan(1984).