sábado, 25 de janeiro de 2025

Os 5 que salvaram o Brasil


 

Em dezembro de 2022, o Brasil se viu à beira de um golpe de Estado. A ameaça de uma ruptura democrática foi real, mas a coragem de generais comprometidos com a Constituição e a covardia de Jair Bolsonaro impediram que o país fosse levado para a escuridão de uma nova ditadura. A trama, revelada pela Polícia Federal, expôs o papel crucial de cinco generais do Exército, que resistiram firmemente às pressões golpistas e garantiram que a democracia fosse preservada.


O Exército Brasileiro está dividido em seis grandes áreas geográficas de comando, as três principais estavam sob o comando de generais que se opuseram diretamente à tentativa de golpe de Bolsonaro. O general Tomás Paiva, comandante do Comando Militar do Leste, e o general Richard Nunes, comandante do Comando Militar do Nordeste, representaram a resistência legalista. No Comando Militar do Sul, estava o general Fernando Soares, que, à frente de uma divisão com mais da metade dos tanques do Exército, manteve-se firme na defesa da Constituição.

 

Esses generais, junto com um quarto oficial ainda não identificado, formaram a linha de frente contra a intervenção militar. Em uma troca de mensagens revelada pela Polícia Federal, um dos coronéis golpistas, Reginaldo Vieira de Abreu, conhecido como “Velame”, descrevia que cinco generais se opunham ao golpe, três estavam a favor e os outros estavam indecisos. Os legalistas eram os líderes das divisões estratégicas, e sua lealdade à Constituição foi decisiva para impedir que o golpe fosse adiante.

 

Jair Bolsonaro, incapaz de agir diretamente, tentou manipular os militares para que tomassem as rédeas do golpe. Em 7 de dezembro de 2022, ele convocou uma reunião com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio, e os comandantes das Forças Armadas. O comandante da Marinha, Almirante Almir Garnier, concordou prontamente com a proposta de uma intervenção militar, mas os comandantes da Aeronáutica, brigadeiro Batista Júnior, e do Exército, general Freire Gomes, se opuseram veementemente. Freire Gomes chegou a ameaçar prender Bolsonaro caso ele insistisse no decreto de intervenção.

 

Diante da resistência, Bolsonaro chamou o general cearense Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, responsável pelo Comando de Operações Terrestres, que era favorável ao golpe. Theophilo afirmou que, se Bolsonaro assinasse o decreto, ele comandaria o golpe. No entanto, Bolsonaro não teve coragem de assinar o decreto, preferindo transferir a responsabilidade para outros, sem se comprometer diretamente.

 

No dia 14 de dezembro, quando o golpe estava iminente, o ministro Paulo Sérgio convocou novamente os comandantes das três Forças Armadas para apresentar uma nova versão do decreto golpista. O Brigadeiro Batista Júnior foi incisivo: perguntou se o decreto impediria a posse do presidente eleito. Quando Paulo Sérgio não soube responder, o Brigadeiro se levantou e deixou a sala, destacando a falta de comprometimento de Bolsonaro em romper com a democracia.

 

O golpe estava programado para 15 de dezembro de 2022, com a prisão do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e a tomada do TSE. No entanto, a tentativa de golpe foi abortada pela resistência dos cinco comandantes legalistas. Sem o apoio das divisões militares, os golpistas não tinham a estrutura necessária para concretizar o plano.

 

A coragem do brigadeiro Batista Júnior, na Aeronáutica, e dos generais Freire Gomes, Tomás Paiva, Richard Nunes e Fernando Soares, que comandavam as divisões mais poderosas do Exército, foi essencial para que o Brasil evitasse uma ruptura institucional. Ao contrário de outros membros das Forças Armadas que cederam às pressões, esses militares defenderam a legalidade, preservando a Constituição e garantindo que o processo democrático seguisse seu curso.

 

Se, naquele dezembro, os cinco comandantes tivessem sucumbido às pressões e caprichos de Jair Bolsonaro, o golpe de Estado teria sido consumado, e a história do Brasil teria tomado um rumo sombrio e imprevisível. O destino da nação foi, portanto, definido pela coragem desses homens. Graças a eles, nós, brasileiros, preservamos o direito de relatar este episódio com a liberdade que ainda nos resta, sem precisar submeter-nos aos horrores de um novo DOI-CODI, ou a quaisquer outras formas de opressão que possam ameaçar nossa democracia.