terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Sobral no Grande Prêmio Bento Magalhães


 Por Sebastião Albuquerque

Era 1º de outubro de 1965... Naquele ano, eu voltava a morar em Sobral, jogava na equipe dos Anjos e estava totalmente envolvido com o futebol de salão, mas a paixão pelo turfe, herdada de meu pai, Rubira Albuquerque, que era um entusiasta do esporte das corridas a cavalo, nunca me abandonou.

Nessa época, o turfe sobralense ainda vivia o seu apogeu e era muito mais frequentado do que o futebol, que era realizado no Campo da Cidao.

Naquela tarde de domingo, todas as atenções dos turfistas do norte e nordeste estavam voltadas para o Grande Prêmio Bento Magalhães, a prova máxima do turfe nordestino, realizada num percurso de 2.400 metros no Hipódromo de Madalena, em Recife/PE, oferecendo ao grande campeão o prêmio de 1 Milhão de Cruzeiros.

O Derby Club Sobralense se fazia presente trazendo consigo 3 parelheiros vencedores: o lendário “Black Orion”, que dispensava apresentações, pertencente a coudelaria Cara Branca, formada por José Maria Sampáio, Pedro Guimarães, Dr. José Silvestre, Ildefonso Élcio Mendes Carneiro, Edmilson Souza e José Aguiar Frota, “Cambrioleur”, um animal com excelente campanha nos hipódromos do sul do país e incorporado ao turfe sobralense, e “Song”, outro craque que na sua última atuação no Ceará, segundou “Black Orion” na prova do Derby de Sobral.

No ano anterior, na disputa do 1º Grande Prêmio Bento Magalhães, “Black Orion”, um fabuloso cavalo zairo, montado por José Esteves, participou da prova vindo a chegar em segundo lugar, sendo superado por “Geitoso” (registrado no Stud Book Brasileiro com a letra G, e não J) de propriedade do cearense José Ribeiro Araújo, conhecido nos meandros turfistas como "Juca", e montado por José Viana, enquanto que o representante do turfe pernambucano “Galbion”, ficava em terceiro. A prova de 1965 era a oportunidade do turfe sobralense ir a desforra e vingar a derrota de “Black Orion”.

Na época não existia televisão e as notícias demoravam dias para chegar de Recife. Foi um alvoroço só quando surgiu a informação de que “Song”, que defendia a farda do Derby Club Sobralense, teria vencido o GP Bento Magalhães.

Segundo o Diário de Pernambuco, o quinto e último páreo daquela tarde turfística foi uma prova lendária! Além dos três já citados craques levados de Sobral, corriam em casa “Sanjo”, “Acapulco”, “Marciano” e “Glorioso”.

Durante quase todo o percurso, “Sanjo”, animal representante do turfe pernambucano e favorito para disputa, e “Cambrioleur”, representante do Derby Club Sobralense e conduzido por Moisés Santos, revezaram cabeça a cabeça a liderança, enquanto que “Black Orion”, montado por Francisco Viana, seguia na terceira colocação. Somente na reta final, em sensacional "rush", correndo por fora, “Song”, cavalo da caudelaria sobralense pilotado pelo campeão José Viana, assumiu a dianteira do lote sagrando-se o primeiro representante do turfe sobralense a escrever seu nome na galeria de Honra dos vencedores do Grande Prêmio Bento Magalhães.

Depois disso, Sobral voltou a brilhar na prova turfística mais importante do Nordeste em 1976 com “Walladon”; em 1980 com o “Ilozone”; em 2003, com “Omedetô”; todos representando o Stud Arruda & Sampaio; e, finalmente, em 2018 com “Desejado Outpley” do Stud Parente & Edilguar.

Não tenho uma foto do “Song” e não consegui lembrar a quem ele pertencia, mas posto aqui uma foto do grande Black Orion, montado por Francisco Viana, seguro pelo seu proprietário José Maria Sampaio, ladeado por Marcos Rangel e Claudio Gurgel, em uma de suas vitórias no Hipódromo do Pici.

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