O Centro de Comunicação da Aeronáutica e da Marinha anunciaram na noite deste domingo, 7, que 17 corpos foram resgatados na área de buscas, além de dezenas de novos componentes estruturais do Airbus A330-200, da Air France, que caiu no Oceano Atlântico há uma semana.
De acordo com o tenente coronel Henry Munhoz, assessor de comunicação da Aeronáutica, a fragata Constituição está a caminho de Fernando de Noronha com os cinco corpos resgatados anteriormente e mais quatro recolhidos ao longo do dia. Desses, quatro são de homens, quatro de mulheres, e um não foi possível a identificação. Ainda segundo Munhoz, nesta tarde, outros oito corpos foram resgatados pela fragata francesa Ventôse, que se encontra na área de busca. Segundo as autoridades, outros corpos foram avistados e o resgate será feito por outras embarcações que estão no local.
Identificação
A fragata Constituição já estava a caminho de Fernando de Noronha, trazendo os cinco corpos resgatados entre sábado e a manhã do domingo, mas retornou ao local para recolher os outros quatro corpos encontrados durante a tarde. A previsão é de que a fragata Constituição chegue a Noronha na terça-feira, 9.
Em Fernando de Noronha, apenas a preparação inicial dos corpos será realizada. A identificação será realizada em conjunto entre a Polícia Civil de Pernambuco e a Polícia Federal, em Recife. A liberação dos corpos será feira pelo Instituto Médico Legal (IML) de Recife.
Buscas
Seis navios (cinco brasileiros e um francês) e 14 aeronaves (12 do Brasil e duas da França) continuam com as buscas na área. Sobre as responsabilidades na operação, Munhoz explicou que a busca e o resgate de corpos e destroços são de responsabilidade da Marinha e Aeronáutica brasileiras. O ressarcimento de pertences dos passageiros é de responsabilidade da empresa aérea. A investigação do acidente é de responsabilidade das autoridades francesas.
O tenente coronel informou ainda que há uma dificuldade logística entre o local onde os corpos foram encontrados e Recife, já que a distância é muito grande. “A distância equivale à distância entre São Paulo e Porto Alegre. Se fosse de ônibus, seria feito em 18 horas. Considerando que é feito por navio, que tem limitações, pode demorar mais. A operação durará o tempo que for necessário para fazer o resgate de tudo o que for possível”, afirmou.
Caixas-pretas
A descoberta de destroços do voo AF 447 e de corpos de alguns de seus passageiros no Oceano Atlântico representa o início de uma fase ainda mais complexa no trabalho de investigação das causas do acidente. Além da identificação dos corpos, o desafio das Forças Armadas do Brasil e da França será localizar as balizas e as caixas-pretas da aeronave, cujos registros podem ser determinantes para apontar as responsabilidades pelo desastre.
As buscas devem se concentrar no mesmo perímetro em que a Marinha brasileira realizava pesquisas: 2,98º Norte, 30,59º Oeste, segundo as coordenadas geográficas divulgadas em Paris.
Nessa região, explicou ontem Laurent Kerleguer, engenheiro-chefe de Armamento e especialista em ambiente marinho do Serviço Hidrográfico e Oceanográfico da Marinha (Shom) da França, as profundidades, abissais, variam entre 1.300 e 4.600 metros.
Num ambiente dessa magnitude, buscar pelas caixas-pretas do Airbus da Air France é como procurar caixas de sapato perdidas em uma cadeia montanhosa com picos mais altos que os dos Pirineus, na fronteira da França com a Espanha. E com um agravante: a área no Oceano Atlântico foi, até aqui, pouco estudada.
O tempo decorrido desde o acidente é outro fator complicador. Entre o primeiro e o sexto dia a contar do acidente, as caixas-pretas foram empurradas na razão de 40 quilômetros por dia - sem contar a força dos ventos - se a região na qual se perdeu tem 4 mil metros de profundidade. Na melhor das hipóteses, os gravadores teriam sido movidos pelas correntes em seis quilômetros por dia, caso tenham afundado em uma área de mil metros de profundidade.
Além dessas variáveis, terão influência nas buscas a temperatura e a salinidade da água, fatores que exercem papel na propagação das ondas de som emitidas pelas balizas - espécies de sinalizadores fixados nas caixas-pretas. Um exemplo: se os objetos estiverem a quatro mil metros de profundidade, os barcos de pesquisa terão de estar exatamente sobre o ponto para localizá-los.
As únicas razões para otimismo são as esperanças de que as balizas que são fixadas nas caixas-pretas não tenham sido danificadas no momento do choque do avião. Se tudo correr bem, esses sinalizadores emitirão as ondas sonoras por pelo menos mais 25 dias, um sinal que pode ser captado por sonares.
FONTE: Estadão
segunda-feira, 8 de junho de 2009
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